Um grão de trigo lançado à terra
a rocha dura desfeita em pó
eu sou uma areia perdida
entre tantas areias do mar
eu sou o pássaro que voa, que canta
sou a água que corre sem nunca parar
eu sou a mão forte que trabalha a enxada
um copo cheio de amargura
onde todos bebem o desespero
eu sou a vida parada, mexida, revoltada, confortada
um caminho já +ercorrido, cansado, destruído
... mas com vontade de caminhar...
eu sou uma onda de ternura
beijando a praia adormecida
a nuvem do ódio esvoaçando no ar
eu sou a vingança, a justiça, a vontade de ser Eu!
... a vida que ainda não morreu...
eu sou a confusão
que ás vezes a mim pergunta:
-mas, afinal, quem sou eu?
Maria Amélia Fonseca Fernandes
In. Ondas de Palavras, p., 63, (1985)
sexta-feira, 5 de dezembro de 2008
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