terça-feira, 24 de junho de 2008

Restos!

Restos!!!

Os dias são loiro trigo
Desfolhado em minhas mãos.

As horas são o castigo...
São restos de amor...

... e pão...


Amélia F.

Por Amar-te!

Por Amar-te

Por amar-te, rastejei,

Mordi a dor

Amanheci, no silêncio a teu lado

Minha boca...uma fonte de dissabores

Quando nela, tua sede, saciavas

Por Amar-te!

Eu caminhei na incerteza

Busquei a nuvem

Em teu olhar acinzentado

Aguardei o luar, à tua mesa...

Desejei flores brancas de pureza

Cobrindo a nudez...

Do meu corpo, rejeitado

Por amar-te!

Despi a alma adormecida

A sombra do medo sustentei

Nesta pele, que por ti

Humedecida...

O eco invisível da paixão

Para sempre

Ao teu lado; o sufoquei!!!

Amélia Fernandes.

Música!!!

Música!

Do outro lado

existem suspiros


Crescem

embriagados

de suor...

Violinos,

Harpas,

Sinfonia...

Na praça... apregoa-se

O Amor!

Gemem as vítimas

sem razão

os sinos

a rebate

vão tocar

Se faminta

eu recebo o perdão

No orvalho

das papoilas

a cantar...!



Amélia Fernandes

domingo, 22 de junho de 2008

CARÍCIA DE FOGO!

Carícia de Fogo!

Como se a trombeta,

marcasse o desespero

e o destino traçasse

o Imprevisto

o Invencível,

dos desejos resgatados

na ternura

dos abraços que me deste,

e os beijos

que adormecem

nos meus lábios.

Escorregam, peganhentos...

meus soluços

obsessão, destruidora,

no olhar

na memória da saudade:

- o excesso

na madrugada

em que regressam,

numa carícia de fogo,


queimando...!

de tanto Amar!!!

Amélia Fernandes

Poemas de Amor e Sal!

Se Pudesse!!!

Se pudesse, dava-te a vida...
minha seara!

Nos meus seios, ao luar,
tu beberias....

Na sombra, do amor,
salgado e terno,

No calor, do orvalho,
leve... e frio....!

Se pudesse, ofertava-te
meu poema...

A razão da existência
deste chão...

Reflectido na presença
mais profunda

Que defronta o declive...
da razão!

Seriam, de Amor e Sal
à mistura....

Nossos beijos
tão fervenstes de saudade!

Beberias no Outono
a amargura!

E buscarias
em meu corpo...

A Eternidadeeeee!!!!!!!!

Amélia Fernandes

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Sou Agreste!

Sou agreste?!

Sou filha do vento, e do luar
Sou agreste, selvagem, indomável
Sou livre, para que possa amar
Amar a ti! Amar o tempo! A mocidade

Sou filha das giestas que tu pisas
Sou gaivota mergulhando em alto mar
Sou mulher, em busca do paraíso
Sou Mulher, de Alma Grande, para Amar!

Sou alguém que vive e sonha a mudança
Correr no tempo, voltar atrás, e ser criança
E, nos teus braços, me sentir bem segura...

Sou a paisagem, onde teu corpo se deita
Ágia fresca, que tua sede deleita
Sou o sorriso, a inicência, bela, e pura!!!

Tenho ânsia de Lutar!!!

Ânsia

No mais puro do meu íntimo
Há uma ânsia de lutar
Uma busca ...

Por algo, sublime
Algo, que não sei o que é...

Mas, que, grata...

Eu pretendo...
E desejo-me entregar...!!!


Amélia Fernandes
In; O Canto do Vento, p. 73 (1991)

Queria!!!

Queria!!!!

Ah! Como eu queria ter-te em meus braços
Envolver-te com carinhos sensuai
No olhar de espranças perdidas
Flutuar novamente em minha vida
O céu azul, e o verde, dos pinhais


E, no mar da minhas lembranças!
Poder dizer-te:

- Vem-me amar...
Entre giestas

E matagais...!
Amélia Fernandes

quarta-feira, 18 de junho de 2008

CHORAI POETAS!

Chorai Poetas!


Dizei-me que força é esta que me arrasta
Que me leva ao caminho da ilusão
Nódoa de sangue em mim se alastra
Palpita de dor o meu coração

E neste fogo que arde e me consome
Corrompe anudez da minha saudade
Semeio e colho, mas vivo com fome
Nuscando horizontes, de paz e verdade!

Mas se a corrente me leva ao fim
Chorai poetas, chorai por mim!
Sou uma perdida, no sopro de um grito...

Subo a montanha e tento alcançar
Entre meus braços quero abaraçar
E prender a mim todo o infinito!!!

Amélia Fernandes.
in, sol e miragem, p. 39, (2000)

Saudade!!!

Saudade! Ausente...!

És a saudade ausemte
És a dor, és a paixão
És aluz, és a serpente
Que devora o coração

terça-feira, 17 de junho de 2008

Meus Sonhos!

Meus Sonhos!

Vejo-te em meus sonhos e... flutuo!
Nas asas dos meus pensamentos agitada
Respiro a dor de te não ter!


E, no intimo do meu ser
Embarco ilusões perdidas
Feitas em pétalas de vento....

E alma quebraaaaaaaaaaaadaaaa!!!!

Amélia F.

In; Ser Eu e Sonhar; (2003)

O SORRISO PARIDO!

O sorriso parido!

Brado aos céus que escutem minha voz!
Peço ao mar que cante levemente!
Rasgo a montanha ferida de dor!

e vejo o sorriso, parido d`um ventre...

É a cotovia na noite escura
rezando baixinho para não chorar
Enchendo o peito de tanta amargura
A gaivota mergulha no fundo do mar.

São águas salgadas, marcantes na praia!
Ondas de espuma, dançamdo desmaiam
Qual a descoberta feita em miragem

Risco horizontes, perdidos e vou!
Caminho deserta; já nem sei quem sou
Sou apenas no mundo, a tua mensagem...!

Amélia Fernandes
in; Sol e Miragem, p. 47, (2000)

EXPRESSÃO!

Expressão!!!

A maneira de sentir e de viver
Dizem muito do que és ou podes ser
Se souberes exprimir os sentimentos

Não lamentes a mentira, a opressão...
Sê fiel ao que diz o coração
Descobrirás, todos os meus pensamentos...!
Amélia Fernandes ;
in "O Canto do Vento", p. 79 81991)

O TEMPO!!!

O Tempo!!!

E antes que se faça tarde

E a tarde deixe de ser tarde

Para ser somente um momento

Onde a tarde da tarde

Dessa tarde

Já não tem a tarde

Do dia que a pintei

Em meu pensamento

Porque ontem há tarde

Deixou de ser tarde

E amanheceu

Um saudoso lamento

Mas quando vier a manhã

Dessa tarde

No dia de amanhã

Onde não há eternidade

A manhã que cresce

Na manhã que nasce

No dia dessa manhã...

E... quando a noite chegar

As estrelas falarem

Na noite que brilha e sorrir

Na noite de lua ao luar

Quando a noite de lua

Aparecer na lua da noite

Da noite por descobrir...

O tempo que se abraça

E no tempo que não tem tempo

No tempo que não existe

É tempo do tempo em brasa

Do sol da madrugada

Do tempo que não acaba,

Mas que termina e persiste

Em mostrar que o tempo existe

E como tal

Orienta-se pelo espaço

Onde há luz e escuridão

Cerca o deserto,

Um mar desperto na aridez

Terra seca como palha

Sem respostas aos porquês

Tragado, desconfiado

Como tâmaras sequiosas

Redondas de beijos

Rosadas em olhares de rosas

Maldade, ávida em bocas

Silenciadas

Com chaves de ouro fino

Tesouros a cultivar

Em desejos de pérolas

Douradas

Para que vejas, desejes

Desvendar o ouro

As penas do meu penar

Amélia Fernandes

Silencioso é o luar

Vens, sorrateiramente, rastejando

no orvalho de papoilas a cantar

sussurrando baixinho

alma densa de condura

pétalas em meu ventre

para te acarinhar...

giestas cobrem meu leito

o orvalho canta madrugadas

clandestinas

dispo meu corpo ao relento...!

evaporam-se os sentidos

e quando faço amor contigo

há música há sinos a tocar

Harpas e Violinos...!

dedos que deslizam com suavidade

que buscam em meu ser a saudade

de te sentir peregrino

dentro do meu caminhar

Amélia Fernandes

Rasgo meu corpo na eira

Rasgo meu corpo na eira

Rasgo meu corpo na eira

Dispo paixões ao luar

Crescem manhãs de quimeras...!

Busco teu ser... e meu ser...

nele quer-se embalar.

Ausência em te adivinhar...

E te sentir em meu ser de querer!

Chama ardente!...

Evaporam-se dispersos desejos...

Onde meu corpo vai naufragar....!

De gestos meu leito se estreita,

Ausência em te adivinhar

Quem és? Onde estás?

Porque me falas de ternura?

Porque insistes,

Em me atormentar?!

Amélia Fernandes

Cultos & Culturas

“Cultos & Culturas”

O artigo que termino de ler, transportou-me a um tempo tão longínquo quanto a saudade que dele sinto: o meu tempo de criança.

A importância que gestos insignificantes adquiriam perante o nosso olhar puro de criança, um olhar inocente através do qual desvendávamos vendavais tempestuosos, rasgávamos relâmpagos nocturnos que iluminavam as paredes negras do nosso quarto, enchiam de luz a escuridão e nos permitia adivinhar, no olhar de cada irmão, o medo que ali se escondia!

Lembrei tempos, em que descalça, de cabelos soltos ao vento, corria na lama da chuva e saboreava cada instante como se fosse único. A chuva que rasgava meu corpo e me enfeitiçava o olhar provocando-me um sorriso atrevido, como quem desafia a gravidade do tempo! Sim! Quando levantava meu vestido de roda e o colhia nos braços para não o molhar e poder brincar sem que minha mãe se apercebesse de que estive na chuva, sentada nas poças da água que se resguardava na calçada dos caminhos velhos e estreitos, mas tão cheios de poesia...!

Sim, mesmo sem querer, eu ainda devoro o passado e sento-me, trepo ás arvores, desfolho calçadas à portuguesa, pego nas sandálias na mão e permito-me usufruir da natureza tal e qual ela se nos oferece.

Recordo com saudade o espaço enfeitado pelo verde das carvalhas e dos pinheirais e que, infelizmente, hoje deu lugar a betão armado. Sinto angústia por não ter junto a mim aqueles ramos que entrelaçava e onde me sentava, permitindo-me esvoaçar como se fosse andorinha! (esvoaçar tanto a ponto de cair e rachar a cabeça).

Aquele verde musgo que cobria o chão por onde rebolava e, à noite, com uma palheirinha buscava grilos na toca! (Mas não é que eles vinham mesmo quando os chamava!!!) "Grilinho grilota, sai à porta, andam as cabrinhas na horta! Gri...gri...gri...!". Ou então, quando abria desfiladeiros por entre milheirais, searas de trigo, e deitava, e adormecia no conforto das flores campestres, onde joaninhas e borboletas se enamoravam... (“Joaninha voa, voa que teu pai foi a Lisboa buscar um pouquinho de pão para ti e para o João. Voa, voa joaninha!”).

Parecia que o tempo existia só para mim!!! Só eu entendia o colorido das flores, o perfume do espaço, o pólen que as abelhas transportavam de um lado para outro, fazendo estalagem em cada sorriso meu!

Quanta doçura, quanta beleza, quanta saudade de minha meninice! Não tinha nada, mas tinha tudo. Possuía a liberdade em minhas mãos, essa liberdade que canto e afago em cada gesto, em cada ser, em cada olhar!

Era senhora do tempo, princesa do Universo. Tinha a percepção de que podia alcançar o infinito, rasgar horizontes.

À noite, corria atrás dos morcegos, voava como um papagaio. Gritava meu nome, e escutava o retorno em tom harmonioso, como se harpas e violinos estivessem ali, a tocar só para mim...! Deixava que meu pensar de criança se enlevasse ao cume da vida, e vibrava de emoção. O tempo era só meu! O espaço todo para mim! A brisa, só eu a absorvia...

Hoje nem dá para pensar, parar um pouco, olhar à volta, e sentir o perfume da paisagem, deliciarmo-nos com o deambular das folhas adormecidas que despem árvores corcundas de vida, tão cheias de histórias para contar! O que ontem era importante, hoje deixou de o ser. Passamos a valorizar a correria. Mesmo não sabendo onde ir, sem rumo, sem Norte, desnorteados, continuamos a teimar em não parar.

Vivemos num mundo cultural, mas inculto. Esquecemos quem somos, para nos parecermos com o que se diz ser culto. Desvalorizamos o passado, para adoptar um futuro sem raízes, sem princípios, sem convicção; diria mesmo, sem moral. Adquirimos uma fisionomia que não nos pertence e como tal, passa rápido, e as marcas que deixa são somente de destruição.

Através dos órgãos de comunicação social são-nos impingidas, diariamente, novas formas de vida. Há que adoptar essas formas de vida: dizem que é cultura!...

Para quê? Para quê esta luta desenfreada, esta obsessão em nos querermos parecer com os demais?! Se precisamos tão pouco para viver e ser feliz?! O quanto basta, é poder olhar à volta, respirar a aridez! Em noites orvalhadas, desvendar gotas cristalinas de maresia enfeitadas com a luz do um sorriso. Não importa que seja o teu, o meu, o que interessa, é que seja de alguém que saiba sorrir!

Mas, hoje, infelizmente, até o aconchego do lar deixou de existir, para dar vez a comentários maldosos! O calor familiar anda disperso, e por isso, trememos de frio. O tempo de escutar converteu-se em tempo de agredir! Vivemos num mundo em confusão, onde todos correm sem saber para onde ir. Onde todos discutem e ninguém se faz ouvir. Ocupamos um vácuo oculto, tão fundo, e corremos o risco de nos precipitarmos nesse degredo de ambição, de comodismo, de maldade, onde o consumismo desenfreado manipula a sociedade, e um gesto de cultura inculta, apodera-se da alma das gentes como se fosse a única hipótese de sobrevivência.

É tempo de parar, pensar, e como diz José Amaro, correr em busca do passado, antes que se faça tarde. Ou então, corremos o risco de nem mais saber quem somos.

Eu!... Eu já estou a caminho... Vou em busca das minhas raízes! Em busca da minha paisagem cultural, essa paisagem que mora em mim, mas que precisa que a cante ao mundo, para que o mundo a acolha e lhe dê o devido valor.

Cada um de nós tem, e deve viver, a sua própria cultura. A melhor cultura é a que cresce e vive na alma de um povo!

Amélia Fernandes

domingo, 15 de junho de 2008

SER MÃE!

Deu-me Deus o dom de eu ser mãe!
Duas flores adoradas construi
Lírio roxo adornaddo de condão
Linda rosa perfumada que sorri

Ser mãe é ter poder de dar a vida!
Construir castelos sobre o mar
É ser rio e montanha florida
E ter no peito um coração que saiba amar

Ser mãe é ter o dom da humildade
e subir mais alto que as nuvens
O milagre realizado em cada ser

entre os homens... é ter a preferência
E gritar ao mundo a resistência
De possuir este dom de ser MULHER!

Amélia Fernandes,in, sol e mirgem, p. 21 (2000)

Cultura! Ciência! Beleza e Arte!

Cultura! Ciência! Beleza e Arte!

Quem antecede quem?!...

No meu entender, a ciência pode estar antes da arte, mas não antes da cultura. Pois, esta nasce com o povo. É a característica desse mesmo povo, evidenciada em formas, actos, gestos, sonhos...! O ser humano, é, por natureza, um ser cultural.

Sem querer entrar por reflexões filosóficas, eu diria que, a beleza evidencia-se na forma como contemplamos uma obra de arte, assim como, a própria Natureza, a qual, é para mim, a mais sublime de todas as artes.

A sua essência primordial antecede todos os sons, cores, aromas, que possamos inventar, imaginar, criar na mente do mais dotado dos seres humanos. Por isso, a designação “ a vida feliz, é sempre um encontro com a natureza”.

Ninguém infeliz consegue desvendar a beleza que a Natureza encerra e espelha perante nosso olhar, muito menos, descobrir numa obra de arte, a minuciosidade, a mestria, que o homem usou para lhe dar vida. Nesse sentido, a felicidade é sinónimo de beleza!

Há porém uma diferença entre “beleza” e “arte”.

Como disse, a Natureza encerra um mar infindo de beleza, mas não evidencia uma obra de ate. Isto, porque o seu criador, foi o Ser Maior, o Omnipotente!

É aqui que entra a ciência: identificar e separar o belo da arte. O belo é felicidade. A arte, é a ciência, a sabedoria que o ser humano adquiriu ao longo dos tempos, e, através da qual deu vida, forma, a novas vidas, com as quais preenchemos e embelezamos nosso olhar.

Amélia Fernandes

Montalegre.

Montalegre!

Aqui, onde céu e terra se abraçam... eu abraço a terra e risco o céu, horizontes infindos na aridez da paisagem transmontana. Colorida de verde musgo e trigo loiro! Infinito perdido no olhar, onde busco madrigais de saudade, montanhas de verdade e de amores por desvendar.

Beijo o chão que piso, e rezo, peço, ofereço e agradeço poder maravilhar meus olhos com a grandiosidade da paisagem. Só o silêncio quebra /invade/rompe a solidão. A melodia de um sorriso em pássaros que voam sem direcção. Perco-me e encontro-me dentro de mim! Assim, vazia! Tão vazia de mim mesma e cheia de emoção.

Natureza que o pensamento abraça, que os olhos não alcançam, mas que o coração vê e sente no silêncio, onde desfolho a melancolia da saudade do teu ser. A nostalgia por me sentir tão pequena, tão insignificante perante a luminosidade Universal. Não há palavras que cantem, poetas bastantes para dignificar com belas poesias, retractar o encanto do silêncio onde a melodia da paisagem se deixa embalar pela brisa; acaricia meu corpo, carente, doente por não te poder amar.

E, perdido na brisa de um espaço, vive o espaço sedento de anseios. Desejos e beijos flutuam no ar, na imensidão do tempo, do espaço que não tem fim, mas que vem até mim.

Amélia Fernandes

Fevereiro de 2008

Deste lado!

Aqui! Aqui deste lado, neste local sagrado, desvendei minha agonia!

Chorei por ti! Mordi a saudade, libertei ansiedade, despi a velhice que jazia em mim e renasci para a verdade.

Descobri o amor, desvendei flores por nascer, colhi aromas de suspiros enfeitados com o teu sorriso, e rasguei a alma dentro do meu ser.

Aqui! Aqui neste mar de confusões mergulhei a dor, desvendei mistérios ocultos de verdade, construídos de prazer, adornados de agonia, de ódio, ambição desajeitada de te querer.

Mas, acordei! Despertei para a luz, onde renasce cristalina a esperança...!

Deixei que me fizesses tua...menina! Bela, sensual, aflorar em tuas mãos, nos dedos que deslizam por corpos harmoniosos de ternura!

Agora, canto dias primaveris, nas vielas dos caminhos por onde passo. Dispo a graça no beiral dos teus carinhos. Enfeito o coração com a lembrança, e dispo a cor da saudade, com o qual cubro e protejo meu sentir, como se de um manto de púrpura de linho, bordado a ouro fino se tratasse.

Ai a saudade! A saudade!!!

Dói! Dói tanto a saudade! Dói mais que um amor não correspondido. Dói o peito porque não falo contigo. Rasgo entranhas porque não te sinto a meu lado! Sangra a alma porque te sinto calado! Invado o céu para te agradar. Movo montanhas para te acarinhar.

Mergulho no mar, busco o paraíso, e tudo somente, para a ti ofertar!...

Aqui! Deste lado! Onde mora a saudade... não deixo de te esperar!!!

Amélia Fernades

A vida!!! Ai, a vida!!!

A vida!!! Ai a vida!!!

É preciso tempo, parar, olhar à volta, contemplar o espaço que nos rodeia. Se há saudade, virtude, amizade, transparência. Se há podridão, mentira, hipocrisia, falsidade, ambição...

Fecho os olhos e tento adivinhar um mundo que não conheço. Desenho no espaço imaginário, imagens que vão surgindo (bailando) no pensamento retraído.

Não consigo fixar um desejo, a troca de um sorriso! Sentir um beijo! Abraçar o néctar da vida, do tempo, da fadiga! Abraçar o tempo! Estar aqui, presente, ausente, mas aqui, no tempo já percorrido, mas por descobrir.

Tudo se esvai, tudo volta e repete-se novamente. É como um circulo vicioso que contamina a vida da gente. Um circulo devastador, demolidor... nada deixa e tudo contém.

É tudo tão somente efémero! Uma densidade flutuante, que não se apaga, extingue nunca. Teima em persistir, em ficar, em resistir ao tempo do tempo!

O vento devastador derruba a saudade infinda do meu ser. Este ser que não vive, não sabe viver.

– Pergunto-me: até onde... até quando esta imagem que não tenho? Este mundo de onde venho e para o qual caminho?!

Tudo é abismo!...

Meus pés não encontram terra no chão! Não há firmeza! A gravidade do tempo onde não há tempo?! O espaço onde habita a bonança!

Ouve-se música, sentem-se passos... É o sorrir de criança que vagueia perdida, à descoberta do horizonte, do mundo, da terra prometida, do mundo da verdade...! Onde possa existir, haver espaço, onde o tempo deixa de ser tempo para ser ausência, permanência vivida, sentida, amada!

Não há nada que resista a um tempo de festas, de amores, a um tufão de sorrisos, a um vulcão de flores, um punhado de carinho, de suspiros, feitos em vidro de pérolas cristalinas. Não há quem resista à ternura, aos mimos do olhar pálido de desejo, transparente de saudade. À carícia inocente do sentir, do palpitar do coração de uma criança!

A vida!!! Ai , a vida!!!

Amélia Fernandes

Ondas de Palavras!!!

Espero que venhas naufragar nestas ondas de palavras!!!


Juntos, poderemos construir o nosso arco-íris...
Desvendar sonhos em mares de nevoeiro.

E, em tardes primaveris, respirar o colorido das papoilas:

o néctar da vida...!
Saborear a imensidão de cada pétala

rasgada no olhar enternecido de paixão!...


Um sorriso de luz,

iluminará o espaço que vagueia em tua mente.
E, no mar imenso do teu ser,

desabrocharão para a vida novas esperanças

com as quais, acalentas teu regaço

e enfeitas tua voz de andorinha!

Afagas no silêncio a voz que grita,

Que ecoa no íntimo de cada ser!

Espero por ti na madrugada

desfolhada em minhas mãos.

Espero por ti,

como mãe ansiosa espera o filho que vai nascer!!!

Domingo, 15 e Junho de 2008

Amélia Fernandes