É preciso tempo, parar, olhar à volta, contemplar o espaço que nos rodeia. Se há saudade, virtude, amizade, transparência. Se há podridão, mentira, hipocrisia, falsidade, ambição...
Fecho os olhos e tento adivinhar um mundo que não conheço. Desenho no espaço imaginário, imagens que vão surgindo (bailando) no pensamento retraído.
Não consigo fixar um desejo, a troca de um sorriso! Sentir um beijo! Abraçar o néctar da vida, do tempo, da fadiga! Abraçar o tempo! Estar aqui, presente, ausente, mas aqui, no tempo já percorrido, mas por descobrir.
Tudo se esvai, tudo volta e repete-se novamente. É como um circulo vicioso que contamina a vida da gente. Um circulo devastador, demolidor... nada deixa e tudo contém.
É tudo tão somente efémero! Uma densidade flutuante, que não se apaga, extingue nunca. Teima em persistir, em ficar, em resistir ao tempo do tempo!
O vento devastador derruba a saudade infinda do meu ser. Este ser que não vive, não sabe viver.
– Pergunto-me: até onde... até quando esta imagem que não tenho? Este mundo de onde venho e para o qual caminho?!
Tudo é abismo!...
Meus pés não encontram terra no chão! Não há firmeza! A gravidade do tempo onde não há tempo?! O espaço onde habita a bonança!
Ouve-se música, sentem-se passos... É o sorrir de criança que vagueia perdida, à descoberta do horizonte, do mundo, da terra prometida, do mundo da verdade...! Onde possa existir, haver espaço, onde o tempo deixa de ser tempo para ser ausência, permanência vivida, sentida, amada!
Não há nada que resista a um tempo de festas, de amores, a um tufão de sorrisos, a um vulcão de flores, um punhado de carinho, de suspiros, feitos em vidro de pérolas cristalinas. Não há quem resista à ternura, aos mimos do olhar pálido de desejo, transparente de saudade. À carícia inocente do sentir, do palpitar do coração de uma criança!
A vida!!! Ai , a vida!!!
Amélia Fernandes
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